Com muito cansaço tudo chegou ao fim.
Chegaram ao fim 5 dias de autêntica maratona. 5 dias de intenso trabalho de organização.
5 dias de conhecimentos, de encontros, de novas amizades. 5 dias de oração e reflexão (pouca para nós!). Durante esta semana, o espírito "Taizaico" (como dizia um amigo nosso) atravessou-nos. Sentimo-lo realmente no nosso coração, no coração de todos os jovens voluntários, elementos de equipas e de muitos participantes que viajaram de bem longe para poder partilhar esse sentimento e essa experiência connosco.
Foi num momento particularmente difícil para o mundo com a tragédia asiática, que me arrepia só de pensar, que Deus nos deu esta maravilhosa oportunidade de crescer no espírito, na mente e na fé. De lançar alicerces de paz e esperança, amizade e confiança. Foi tão curioso ver os Ucranianos com lenços ou fios laranja como sinal de revolução no seu país, e contudo a participarem no encontro, indo votar no dia 26 na embaixada Ucraniana.
Vieram tantos jovens com exemplos fantásticos de vida, com culturas e visões diferentes, com tanto para partilhar e enriquecer connosco, cumprindo a sua missão no encontro. Vários voluntários só pela dedicação que demonstraram ao dedicar 5 meses das suas vidas a prepará-lo são já um exemplo fantástico que uma vida rica não se mede em extractos bancários nem em médias académicas ou curriculos exaustivos. Também vieram infelizmente muitos para fazer turismo, mas temos que ter esperança que também esses venham a descobrir que há muito mais riqueza vivendo verdadeiramente o encontro do que o simples turismo da visita e da foto. Mesmo nos momentos de oração e nos grupos de partilha, para mim tão importantes, que confesso ter ficado desgostoso quando via alguns jovens a abandonar.
Mas fiquei de facto muito contente e satisfeito com o óptimo acolhimento que todas as famílias prestaram. Mostrámos que não só conseguimos que todos os participantes tivessem uma família como também tivessem um óptimo acolhimento, verdadeiramente preocupado em receber bem e proporcionar o maior aconchego, mesmo com a barreira linguística. Ficarei a saber melhor como foram as experiências de cada família na reunião no dia
16 às 16h.
No meu caso pessoal, gostava de dizer que tive sorte nas 4 pessoas que acolhi, dois sérvios (Dejan e Ivan Pavkov) e duas polacas (Magda e Hanna Oborska). Todos eles se portaram impecavelmente, falei pouco com a Magda e o Dejan pois ela não fala Inglês e ele pouco.
Contudo deixo uma menção especial ao Ivan. Ele era o animador do grupo de sérvios com quem viajou e em tudo o que tive oportunidade de conversar com ele (tenho remorsos de não ter disponibilizado mais tempo para isso) fiquei até surpreendido. Pela cultura, educação, humildade e simplicidade, tenacidade e argúcia para enfretar os desafios e tremendas dificuldades que se poem a um país ex-comunista devastado por 3 guerras nos últimos anos como acontece na sérvia-montenegro. Pelo rigor com que cumpriu tudo o que se pede a um animador. Ele tal como eu não nasceu para liderar mas de tal forma o faz com eficácia e empenho que só queria meia dúzia de ministros com essas qualidades. Para mim ele marcou-me. Nem a cereja em cima do bolo falta: também é engenheiro! (já é professor).
Tive pena de não participar mais no encontro propriamente dito, na FIL. Apenas pude ir o 1º dia e parte do 3º. Houve necessidade de resolver problemas, acompanhar algumas pessoas com dificulades, preparar a vigília de oração de 31 à noite e a festa de ano novo, etc. e isso deu muito trabalho! Aliás nunca antes e talvez nunca mais passei a meia noite numa vigília a cantar! Nem nunca antes tinha interrompido uma oração para ir para a rua abrir garrafas de champanhe (que apesar da proibição ninguém ligou!) a ver o fogo-de-artifício. Tal como nunca tinha organizado (não sozinho, claro) uma festa de ano novo com todo o tipo de preparativos, organização, som, apresentação, etc. Confesso que até acho que foi uma óptima festa, com à vontade 200 pessoas a divertirem-se imenso, participando cada grupo com música e jogos divertidos; bem mais interessante que ficar a ver TV ou a apanhar uma bebedeira.
Foi mesmo com a lágrimas a querer subir aos olhos que deles me despedi na estação, bem como de tantos outros que no mesmo momento partiam de volta a locais a 3000 e mais Km, no meio de esfuziantes abraços e muita cantoria! Houve alguns problemas, é verdade, que ainda deram dores de cabeça à (pequena) equipa de preparação, mas não são esses que ficam registados no coração (nem no blog!)
E foi mesmo com muito cansaço que no dia 1 me deitei às 16h da tarde.
E apesar da ressaca, lá estive às 9h nos Jerónimos para uma missa muito especial, com o cardeal patriarca, o irmão Roger e a restante comunidade, os voluntários e equipas de preparação, a
RTP e TVs francesa, belga e canadiana.
Que encontro tão forte. Que momentos tão sublimes e únicos. Qual
Carpe Diem, só queriamos era absorver cada gota do orvalho deste espírito, que não nos atravessou como alguns até encharcou :)
Que mensagem de esperança, paz e futuro para todo o mundo. Em especial para os jovens!
Um
grande obrigado a todos os que de alguma maneira participaram, quer organizando, ajudando, orando, acolhendo, amando o próximo! e aos que leram mais um testamento meu!
Muitos beijinhos e Abraços
