31 janeiro 2005

Cartaz da política

Política do cartaz, ou cartaz da política??

Esta é a pergunta que eu lanço. Todos nós temos assistido à paupérrima pré-campanha eleitoral e ao nível a que se desceu.
Praticamente não se ouve um líder partidário a falar de propostas suas para a campanha, de novas ideias, de planos de governo, de apresentação clara de quem propõem para criar um governo (afinal são eleições legislativas, era bom saber quem se candidata a legislar!). Ainda existem pessoas que não conhecem os principais líderes, quanto mais os restantes...
Tudo a que se tem assistido não é a uma campanha eleitoral mas sim a uma aberta guerra eleitoral, em que o esforço de cada interveniente é colocado em atacar o adversário, rebuscando tudo o que for possível para denegri-lo e deitá-lo abaixo.
Não existe ninguém neste momento a dizer porque deve SER ele o primeiro-ministro, pelo contrário todos dizem porque os adversários NÃO devem ser eleitos!
Dá-me a sensação que ninguém quer ganhar, apenas querem que os outros percam, tipo "não me interessa quem ganha o campeoanto, desde que o porto perca!".
É triste não é?
Para mim isto é o reflexo, ou como eu dizia no início, o cartaz, da actual situação política em Portugal e naquilo que se tornou a democracia.
Os líderes são fracos (Sócrates primeiro-ministro??? Jerónimo de Sousa alguma vez com perfil de líder partidário? Mas que é isto?), os elementos que concorrem às listas são na maioria os do costume mais os amigos da faculdade. Faço minhas as palavras de Cavaco: que venham os "bons" políticos e que corram com os "maus"!
Repararam concerteza nos cartazes de cada um: Vê-se:
Cartaz do PSD: Contra Rumos e Marés (Jorge Sampaio) ou "Este sabe quem ele é!" (!)
Cartaz do PS: Portugal vai ter um rumo (mas não sabemos qual ou como e com quem)
Cartaz do PCP: Vota PCP (Uau! Que inovação num partido velho e ultrapassado)
Cartaz do PP: Voto útil (Hmm... mas porquê?)
Cartaz do BE: Apresenta eventuais medidas populistas fáceis de prometer para quem sabe não ser eleito

Triste não é?
Enfim... e a julgar pelas juventudes partidárias as coisas não estão nada melhores.
Desiludiram-me muito os cartazes da JSD em Lisboa. Um apela à desconfiança em Sócrates. Outro, apesar de correctamente apresentar os nº do desemprego não precisa de o fazer para se defender (?!) do Bloco de Esquerda. Não sei se serão realmente cartazes elaborados pela JSD ou antes do PSD sob essa capa. De qualquer das formas... de PPD-PSD não se vê nada. E é pena, em especial para um militante. Olha-se para os outros e até se arrepia. Os debates políticos a sério são evitados pelos que têm medo (nesse ponto Sócrates tem mesmo razões para tentar fugir) e os que são realizados têm sido anedotas, já para não falar do episódio que se passou com o Louça e que demonstra também que nem este serve.

Triste cartaz da política não é?
Abraços e Beijinhos!

2 comentários:

Anónimo disse...

Cartaz do PCP: Vota PCP

TA TUDO DITO MEU AMIGO!

loool just kidding :P

A realidade é esta... tantos líderes e tantos candidatos e voltamos à estaca zero! Vou mas é pa Cuba pah! Até logo o>

beijiiiiiiiiiiiiiinhos

ass: Pereira, Marco

Anónimo disse...

Olá Fábio
Estás bom?
Já em casa e mais ou menos recuperado, só posso dizer que fico contente por tu continuares a alimentar o teu blog
Apenas um breve comentário, eu, como sabes, também sou PSD, e sabendo que vou votar PSD, espero que Santana Lopes perca redondamente para ver se é definitavamente excluído da política.
Eu acredito no PSD, mas no PSD em que todos tenham uma voz, em que se situa na linha de Bernstein (o ideólogo social-democrata que cortou com linha comunista no fim do século XIX) que supõe a intervenção do Estado para garantir o Bem Estar dos cidadãos e que de uma forma correcta faça a redistribuição da riqueza pelas camadas sociais mais desfavorecidas (idosos, deficientes) que permita um nível de educação e formação, saúde, e justiça que permita uma maior integração de toda a população no desenvolvimento e Bem Estar Comuns, que em termos económicos siga a linha Keynesiana de estabilizadores automáticos em que utiliza a Despesa Pública no ciclo baixo da economia e e deixa de interferir no ciclo alto, que se pugna pela manutenção de níveis de desemprego baixos, mas com saudáveis níveis de endividamento público e externo. Mas que pelo seu posicionamento empresarial aposta também no “laissez-faire” de Rosseaux que implica deixar a iniciativa privada o controlo da produção, tornando a concorrência saudável (através de uma bolsa sã, sistema financeiro flexível, bons sistemas de transporte e um sistema judicial que resolva os litígios rapidamente).

Tudo isto permitia que independentemente da inépcia do governante o país não se ressentia porque não estaria dependente dele, a iniciativa empresarial e a sociedade civil poderia resolver os seus próprios problemas.

Enfim é apenas um desabafo, mais ou menos ideológico de como eu vejo do que penso ser a base do PSD (e pelo qual eu voto nele) mas que não me revejo nesta direcção nem na rectaguarda representada por Filipe Menezes, João Jardim, Mendes Bota, Morais Sarmento, Luís Arnaut.

Não sendo tudo mau, se calhar só ficaria o Aguiar Branco e António Mexia, e espero que pessoas como estes que agora referi, como o Marques Mendes, Dias Loureiro, Ferreira Leite, António Borges, António Capucho e muitos mais voltem a pegar no partido

Um grande abraço
jc