16 março 2005

Água em 2070



Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo. Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.

Recordo quando tinha 5 anos. Tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um banho de chuveiro por cerca de uma hora. Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele.
Antes todas as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora devemos rapar a cabeça para a manter limpa sem água.

Antes o meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira. Hoje os meninos não acreditam que a água se utilizava dessa forma. Recordo que havia muitos anúncios que diziam "CUIDA DA ÁGUA", só que ninguém lhes ligava; pensávamos que a água jamais poderia acabar. Agora, todos os rios, barragens, lagoas e mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados.
Antes a quantidade de água indicada como ideal para beber era de oito copos por dia por pessoa adulta. Hoje só posso beber meio copo.

A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo; tivemos que voltar a usar os poços sépticos (fossas) como no século passado porque as redes de esgotos não se usam por falta de água.
A aparência da população é horrorosa; corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozono que os filtrava na atmosfera, imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.

As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte. A indústria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam-nos com água potável, em vez de salário. Os assaltos por um bidão de água são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética. Pela ressequidade da pele uma jovem de 20 anos está como se tivesse 40.

Os científicos investigam, mas não há solução possível. Não se pode fabricar água, o oxigénio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos indivíduos, como consequência há muitos meninos com insuficiências, mutações e deformações.

O governo até nos cobra pelo ar que respiramos, 137 m3 por dia por habitante e adulto. Aqueles que não podem pagar são retirados das "zonas ventiladas",que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar, não são de boa qualidade mas pode-se respirar, a idade média é de 35 anos.
Em alguns países ficam manchas de vegetação com o seu respectivo rio, que é fortemente vigiado pelo exército, a água tornou-se um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes.
Aqui em troca, não há árvores porque quase nunca chove, e quando chega a registar-se uma precipitação, é de chuva ácida; as estações do ano têm sido severamente transformadas pelas provas atómicas e da indústria contaminante do século XX.

Advertia-se que se tinha que cuidar do meio ambiente, mas ninguém fez caso. Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, falo-lhe da chuva, das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e barragens, beber toda a água que se quisesse, o saudável que era a gente.
Ela pergunta-me: Papá! Porque se acabou a água? Então, sinto um nó na garganta; não posso deixar de sentir-me culpado, porque pertenço à geração que terminou destruindo o meio ambiente ou simplesmente não tomou em conta tantos avisos. Agora os nossos filhos pagam um preço alto e sinceramente creio que a vida na terra já não será possivel dentro de muito pouco tempo porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.

Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar ao nosso planeta Terra!

In: "Crónicas de los Tiempos", Abril de 2002
Photo By Bimsan


O nosso planeta está em sério perigo. Para um grande ambientalista/ecologista/naturalista (ena pá não sabia que era tanta coisa!) é terrível. Passo-me da cabeça quando vejo desperdícios brutais de água para regar campos de golfe e até jardins com água a correr por todo o lado! Ou quando vejo vizinhos a lavar os seus 3 ou 4 carros todas as semanas pelo menos uma vez! Ou quando o meu irmão (e outras pessoas) demora 20 minutos para tomar duche todas as manhãs! Ou ainda quando vejo condutas na rua a deitar água durante horas a fio, às vezes mais de um dia. A propósito de formas para poupar água não deixem de ver o post do Tiago.
Já para não falar da enormíssima tarefa de separar o lixo em casa. O gervásio demorou uma hora para aprender. Quantos mais anos vão demorar muitos de nós para se aperceberem? Pensa globalmente, actua localmente

2 comentários:

Ana disse...

tava a ver uns posts, e curti do teu!
esse post sobre a água tá muito bom mm! faz-nos pensar realmente cm será a vida num futuro não tão longínquo kto isso... espero k as pessoas tomem consciência do k s passa actualmente; a kestão da água é p ser resolvida pela nossa geração, e não para os próximos k aí vem...tenho a certeza k eles gostaria de encontrar a Terra da mm maneira k nós a encontrámos, por isso vamos salvá-la enkto é tempo =)

Ana Luíza 97 disse...

Essa é a pura realidade em questão sobre a água daqui a 61 anos... Infelizmente hoje em dia as pessoas não tem a consciência de que se não economizarem a água hoje, amanhã será tarde demais, quem vão pagar pelo mundo que nós estamos destruindo serão nossos filhos e netos... Pena que enquanto há uma pouca minoria de pessoas que se preocupam com o desperdício de água, há muita gente fazendo tipos de brincadeiras sem graça como se nada estivesse acontecendo... É trite, porém realidade! :'(